Esta é a segunda guitarra do Sr. Saul Koll que me vem parar às mãos. A primeira encontra-se ali em baixo, na segunda foto, e pertence ao Lee Ranaldo. A da primeira foto é uma Jr. Glide e, na minha humilde opinião, é a melhor alternativa contemporânea a uma Gibson Les Paul Junior dos anos 50. Tenho de confessar que tenho um fetiche particular pela combinação de pickups P90 e o mogno.
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A Lei de Lavoisier
O nosso cliente cansou-se das dificuldades associadas à substituição da pilha nesta Martin DRS1. Então, pediu-nos que fosse instalada uma caixa para acesso facilitado à pilha, na ilharga do instrumento. Como Lavoisier dizia que, na natureza, nada se cria e nada se perde, fiz um porta-chaves com as sobras do rasgo que fiz na ilharga.
Heavy Metal
You spin me round
Já não escrevia aqui há uns tempos mas, há cerca de meia dúzia de entradas atrás, modifiquei uma Fender Telecaster, onde coloquei um humbucker da Bare Knuckle. Agora temos outra Telecaster (gosto muito de Telecasters e não há nada a fazer). Espetei-lhe com um pickup Wide Range na posição do braço e aproveitei para dar uma voltinha ao meu brinquedo novo: uma fresadora. A precisão dos cortes e a versatilidade da máquina justificam a quantidade de pessoas que ajudaram a transportá-la para a sala das máquinas do atelier. Foi um dia transpirado.
Como resultado temos agora uma espécie de Telecaster Custom ’72 que, entretanto, já seguiu viagem para Leiria.
Murder, death, killswitch
Volta e meia pedem-me para me divertir com a electrónica dos instrumentos. Neste caso a ideia é tornar uma Telecaster um pouco mais versátil e stage-ready. Coloquei um par de pickups Bare Knuckle (VHII e Black Guard), um killswitch e um selector de 4 pólos com 5 posições, onde é possível aceder a todas as combinações convencionais com o humbucker ou single coil na posição do braço. Um simples potenciómetro push-pull seria suficiente, mas a permutação entre combinações seria um nadinha mais elaborada. Evidentemente, tive de remodelar a cavidade para o pickup da posição do braço e, a pedido do meu cliente, a orientação da placa da electrónica foi invertida.
A tabela de combinações é então a seguinte, estando assinaladas com um asterisco as posições convencionais de uma Telecaster:
1ª posição: neck (full humbucker)
2ª posição*: neck (coil split)
3ª posição: neck (full humbucker) + bridge
4ª posição*: neck (coil split) + bridge
5ª posição*: bridge
Considerando o espaço reduzido da cavidade da electrónica, não há forma de fazer este trabalho sem deixar emancipar uma certa obsessivo-compulsividade e, enfim, manter a casa arrumada.
A juntar ao killswitch, temos um condensador Vitamin Q e um outro, cerâmico, como treble bleed, para preservar o registo de frequências mais agudas enquanto se reduz o volume.
Et voilá. Uma vez mais, a Bare Knuckle não desilude.
5 cordas para os Clã
Os Clã destacam-se claramente pela sua música e, no que a mim diz respeito, por pedidos pouco ortodoxos da parte do Hélder Gonçalves.
Desta vez trata-se de uma Epiphone Riviera que é suposto converter para 5 cordas. Tive então que remover uma das cravelhas, fazer uma nova pestana e adaptar a ponte tune-o-matic para esta nova configuração. Isto foi possível produzindo uma sela com uma largura superior à habitual, para sustentar a 3ª corda, que neste caso é um Ré.
Aproveito para dizer que o Disco Voador, dos Clã, já se encontra em órbita desde Abril. Fica o último vídeo da banda, que é bem porreiro. A música chama-se Asas Delta.
Ebonizing
Perguntaram-me se seria possível alterar a aparência de uma escala de pau rosa, deixando-a com a cor tão parecida quanto possível à do ébano (negra ou castanha escura).
Existem várias formas de obter este tipo de resultados. Há quem utilize graxa para sapatos, por exemplo. Aqui, utilizei uma solução química diluída em água destilada com uma capacidade de oxidação bastante forte. É um processo perigoso e, por isso, não irei descrever o procedimento. Don’t try this at home.
Tune-o-matic blues
Já é a segunda cópia japonesa dos anos 70 da Gibson SG que me entregam onde constato que a ponte tune-o-matic encontra-se numa posição onde é impossível intonar a guitarra. Neste caso a ponte encontra-se demasiado próxima da pestana e as selas não oferecem curso suficiente para garantir a intonação. Com cordas de maior calibre o problema só irá agravar-se.
Realocar os pivots será, certamente, uma possibilidade, mas não aprecio soluções desnecessariamente drásticas.
Ocorreu-me então tirar partido de uma área generosa em torno da furação do poste de regulação em altura, que prolonguei cerca de dois milímetros para, consequentemente, deslocar toda a ponte sem mexer no poste.
No entanto, é agora necessário encontrar uma forma de assegurar que a ponte não se move durante a execução. Para isso fiz dois furos perpendiculares ao orifício que acabei de modificar para, de seguida, colocar um parafuso que servirá de batente.
Assim, temos a tune-o-matic no sítio certo, literalmente trancada. Afinas ou não afinas?
Mo’s Right
Esta guitarra foi claramente inspirada na Mosrite (marca fundada nos anos 50 por Semie Moseley). A guitarra encontrava-se equipada com um par humbuckers convencionais, tangencialmente parecidos com os Widerange, da Fender. Insatisfeito com os resultados, e sendo esta uma guitarra severamente personalizada, o cliente decidiu experimentar estes soapbars do senhor Curtis Novak, que aparentemente cultiva, como todos nós, uma paixão ardente pelo mundo das offsets. Poético.
Para fazer a conversão tive que construir o molde do pickup a aplicar, o que veio bem a calhar para corrigir o alinhamento das cavidades, que se encontrava descentrado (offset?). O resultado é este:
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This custom build from another luthier was clearly inspired by Mosrite (a US brand from the 50s, founded by Semie Moseley). This guitar had a pair of ordinary humbuckers that look a bit like Fender’s Widerange pickups. My customer was not happy with them and decided to give Curtis Novak‘s pickups a try. Curtis is a custom pickup manufacturer with a rather unmistakable penchant towards offset guitars. Like all of us, perhaps?
In order to fit in the pickups, I had to make the correct template for this specific pickups and covers. It proved itself a good idea because I had the chance to correct some alignment problems on the existing pickup cavities.
Rampage
A invenção é do senhor Gary Willis e o objectivo é simples: minimizar o desperdício de energia da mão direita do baixista. Músicos como Matt Garrison já adoptaram esta pequena modificação que altera, literalmente, a abordagem ao instrumento. Na forja está mais uma para o meu Jazz Bass, para disciplinar a minha mão direita.
A despropósito, este baixo é da marca Squier e envergonha muitos dos instrumentos do género que por aqui passam. Se existe algum segredo? Não. Este foi escolhido a dedo.
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This is Gary Willis’ invention and it’s called a “Ramp”. The goal couldn’t be any simpler: to minimize stress on the player’s right hand. Musicians like Matt Garrison are now completely addicted to this quirky little mod. My next ramp is bound to end up on my Jazz Bass, for my right hands sake.